quinta-feira, 23 de julho de 2009

PODERÁ A PEDAGOGIA SOCIAL CONSTRUIR UMA PROPOSTA DE POLÍTICA SOCIAL?

A pergunta acima veio da reflexão, em uma das palestras que assisti do Prof. Dr. João Clemente de Souza Neto (MACKENZIE e PASTORAL DO MENOR), nas JORNADAS DE PEDAGOGIA SOCIAL- RUMO AO CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL (ocorridas em maio de 2009, na UNISAL e UNICAMP), à partir da definição do professor do que seria o lugar social – os "produtos" e "produtores" de uma certa história, e de que pudessemos repensar a prática, refletindo sobre as políticas públicas para as crianças e o adolescentes no Brasil, fora do contexto escolar, objeto de minhas análises de mestrado.
Pois bem. Poderá então a pedagogia social construir uma proposta de política social?

Segundo João Clemente, as políticas propostas até aqui são equivocadas, sobretudo para os que estão fora do sistema . Essas são reprodutoras de um sistema social vigente, conforme também nos ensina outro professor, Marcos Francisco Martins (UNISAL). Marcos diz que elas favorecem o fortalecimento de reprodução de uma situação e não de uma práxis criadora¹.
Na história, João Clemente, aborda o primeiro grande equivoco: as práticas sociais e a política social dos jesuítas. Na pratica dos jesuítas com a questão indígena – desacreditar e desvalorizar o outro para perpetuar o que é institucional - as crianças deveriam viver conosco e deixariam suas famílias, pois as mesmas não tinham condições de conviver em famílias pagãs. Melhor seria viver conosco- quase como se fosse proposto um "seqüestro" de suas famílias.
A história do Brasil , o fez refletir e retomar à análise crítica das práticas sociais e pedagógicas, no período de 1500....1700. E a constatação da triste perspectiva de que estavamos vivendo da mesma forma. Nas Casas de Misericordia – 14 casas, sendo que 06 ligadas à políticas sociais, todas iam na mesma direção – desacreditar o outro, para fortalecer a proposta. E em 1950, ocorre a tragédia das roda dos expostos.

No quadro panorâmico do movimento da história e o movimento dos educadores sociais, tomou para si dois principios, reduzidos aqui, para problematizar a criança e adolescente no Brasil – os movimento sociais e o decorrer do séc. XX .
Todas essas questões, inclusive as relacionadas aos movimentos educacionais e anarquistas, o levaram a pensar a Pedagogia Social hoje e propor a seguinte pauta para reflexão na JORNADA:
ESTADO E SUJEITOS DE DIREITOS/ PEDAGOGIA SOCIAL/ MERCADO
1ª reflexão - ORDENAMENTO JURÍDICO – retomou sua análise, enquanto princípio onde as práticas pedagógicas e as atitudes decorrentes dessa prática fossem pautadas em um código jurídico, de uma "raça" de perigosos e uma "raça" vituosa. Aqui o "produto" seria a polícia (sic) : raça virtuosa onde na questão social, tudo se justifica e tudo se explica. Reflexão essa já abordada por Florestan Fernandes.

2ª reflexão- DESAFIO – na ótica de Paulo Freire, constata que vimos caminhando na história elementos do conflito e das condições de forças – Aqui o "produto" seria o consenso: Loas/ Eca/ etc.

3ª reflexão – INDICADORES DA PEDAGOGIA SOCIAL – nos programas sociais, há uma coexistência dos processos de opressão e da correlação de forças . Aqui o "produto" seria a mudança necessária.

4ª reflexão - MERCADO - No mercado capitalista– rápido e lucrativo – o grupo contrário tenta coptar todos os outros grupos – compra ética/ princípios/ ações. Aqui o "produto" é o sistema: onde tudo se compra, inclusive o direito à educação.

Não poderia afirmar se estou definitivamente correta. E na verdade, não me sentiria confortável nessa afirmação, em um momento onde olhar para essa realidade e descrevê-la sem uma análise teórico- crítica seria demasiado imprudente, ainda com meu senso comum à luz das ciências da educação. Caminho que estou aprendendo a "decodificar", nas análises dos discursos à partir de um conjunto ou de uma série deles. Aqui meu interesse não é apenas dentro de um contexto específico - comunidade ou instituição - e suas interações (apesar de não descartá-los totalmente quando forem necessários em sua causa). Minha análise seria de outra ordem, onde tentar contextualizá-los, seria relacioná-los como elementos que formam redes sociais, determinadas por regras e rituais, e por que não, modificáveis na medida em que se influenciam mutualmente.
E aqui "Focault"!!!! Fundamentar essas dificuldades de contextualização à partir de 03 itens: causalidade/ raciocínio/não imediatismo, não é uma das tarefas mais fáceis na complexidade social em que estamos inseridos.

Ver a Pedagogia Social como projeto societário seria intervir - considerando formar pessoas – sob a perspectiva de qual é nossa visão de mundo, compromissos e princípios éticos. Os meios, para mim são os processos formativos. E aqui a minha crença de que não poderiam ser outra coisa.
O princípio para análise de uma política social em uma análise e outra lógica. De olhar para o outro com potencialidade, capaz de criar, de transformar a realidade e torná-la mais humana. De perceber o outro , não como um delinqüente, criminososo, perigoso. E como nos ensina João Celemente, de pensar e olhar para o outro de uma outra forma de humanização, que passa antes pela análise de processo de práticas de desvio – e de que todos nos cometemos – que é o de perceber as coisas como situação problema e com a natureza de seqüestrar as pessoas e salvá-las.
E a mim me parece que essas análises, equivocadas, tem nos levado a repetir processos com políticas compensatórias.

Não podemos seguir históricamente, sem políticas sociais que façam as críticas aos programas. Mas não vamos também, acabar com as políticas sociais e de direitos humanos na perspectiva apenas dessa avaliação crítica , de nosso um lugar comum dos discursos, desconsiderando a avaliação dos elementos positivos que nos permitem refletir nossas práxis de outra forma.
Olhando assim acredito que possamos aprender a encontrar o humano. Matéria de que afinal, somos todos feitos. E acreditar em uma Pedagogia como meio e processo, caminhada de educadores , JORNADA educativa, para construção de uma política social.


¹ Práxis na definição de Velazquez.


quarta-feira, 15 de julho de 2009

POLITICAS PÚBLICAS X ESPAÇOS DE SOCIABILIDADE INFANTO JUVENIL


Quanto mais leio, mais acredito que há ainda muitos espaços de sociabilidade infanto- juvenil e outros espaços educativos que não foram e não são corretamente trabalhados.
Como os cursos de pedagogia se encontram em relação à isso?
Eles simplesmente não dão conta de problemas atuais: os problemas históricos e as disciplinas optativas descaracterizaram os currículos.
As propostas político-pedagógicas das instituições públicas e particulares demonstram hoje, insuficiência na educação e na formação desses novos profissionais.
As propostas de curricullum atuais, com o sistema de avaliação voltados para as escolas cumpram suas funções didáticas pedagógicas para esse espaço institucional: formam indivíduos com competência lógicas fisiológicas e lógicos matemática .
O problema é que constatamos empiricamente com a realidade social que enfrentamos , o quanto estas mesmas instituições não cumprem mais as funções didáticas pedagógicas para uma lógica excludente e impositiva. E o quanto as funções sociais cumprem.
E essas funções não são avaliadas. Não temos os indicadores.
Como poderíamos então, avaliar as funções sociais diante das funções didáticas pedagógicas?
Roberto da Silva (FEUSP), pesquisador em educação social, diz que o desenvolvimento dessas políticas passa a ser um desafio para a educação social e pedagogia social assumir. Identifica vários outros nichos possíveis, onde as abordagens tradicionais demonstram sinais de esgotamento. Onde não são mais eficazes. E afirma que há muito se aponta a falência desses sistemas.
Acredito que romper com essas políticas é quebrar paradigmas. A na verdade, a pedagogia escolar nunca enfrentou de frente esses problemas. E a educação assim pensada, é enunciada apenas como algo desejável!
Instrumentalizar as praticas pedagógicas extra escolares passa a ser, ao meu ver, extremamente necessária.
O educador acumulou fatos históricos ruins. Diante da dificuldade de inventariar e historiar práxis sociais, como campos possíveis de atuação para o pedagogo social e educador social, sempre existiu a consciência que temos e que nos envergonha.
E perversamente também do lado de cá, algumas das marcas mais ruins das imagens que a sociedade faz à respeito da incapacidade dos educadores em educar, são relacionadas à esse problema.
O desafio imposto: como dar conta da complexidade desses sistemas?
João Clemente de Souza Neto (MACKENZIE), pesquisador, diz que houve historicamente um momento de encantamento com a educação, à partir da constituição de 1978, e o surgimento das ongs ( sobretudo as temáticas).
Diz que esse momento de encanto passou, e houve uma criminalização dos movimentos sociais. Ongs bem intencionadas passaram a ser executoras das políticas de estado e governo. Houve um atrelamento das ongs as políticas de governo para dar "suporte" aos programas sociais. Cada vez mais as ongs foram sufocadas e estranguladas com o problema das sustentabilidade: da lógica da dependência do capital estatal e público.
Esse cenário todo diz que, no Brasil, os modelos comprados não podem ficar alheios. Desenvolvemos modelos clássicos de análise e interpretação da pobreza, mas esses modelos estão comprometidos. A lógica que tinhamos era na resolução dos problemas. Trabalhamos hoje com a lógica da contenção dos problemas.
Em um contexto da educação necessária, como educadores que somos, há muito o que se pensar sobre essas reflexões.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ESCOLHAS PESSOAIS 2

(Foto: Henri Cartier Bresson)




Reflexões. Ainda. Coisas que eu queria saber aos 21.

"Posso fazer qualquer coisa. O importante é fazer bem feito!"
(José Mindlin)

Para quem não sabe quem é o "cara", digo que é o maior bibliófilo do País. Quem já não ouviu falar da biblioteca dele?
Em minhas leituras, lembro-me que ele tenha falado que quis também ser escritor. Sua formação, na verdade, é na área de direito.
Direito também uma área com a qual me identifico muito. Mas optei pela Educação. Direito à Educação sob a perspectiva da Pedagogia Social.
Como estava dizendo, Mindlin até tentou escrever um livro, mas como ele mesmo disse, não avançava.
Daí veio sua paixão pelos livros. E com 13 anos começou a formar sua bilbioteca.
Não consegue se imaginar hoje, e para ele é quase inaceitável, não tê-la formado.
Olhando para trás diz que é apaixonado pelo que faz, que se pudesse voltar, gostaria de seguir o mesmo caminho.
Pela leitura, diz que pode passar de uma coisa para outra completamente diferente sem precisar quebrar laços. E que tem certo culto à indiferença.
Mindlin, diz que podemos fazer qualquer coisa, o importante é que façamos bem feito!!!
O ideal, segundo ele, é que pudessemos escolher aos 40 anos, com uma certa experiência, pois não temos elementos para sabermos o que queremos da vida aos 20 e poucos anos.
Amadurecer. Experimentar. Abrir-se para o novo e desconhecido.
Qual o nosso maior obstáculo?
Também realizei o sonho esse mês, de montar minha biblioteca pessoal e escritório.
Aqui, ali, acolá, livros comprados, doados, recebidos e garimpados.
Quadros, imagens que gosto. Fotos e "badulaques" que não vivo sem.
Meu diploma e certificados na parede para me lembrar quem sou, de meu esforço pessoal de chegar até aqui e de quanto agradeço aos meus pais por isso.
Conquistas!
E um ateliê para meus devaneios e experiências pessoais com imagem, cor e sensações.
Lugar aonde medito e desenho minhas mandalas.
Um altar para meu mestre espiritual. Um lugar de busca e luz imensa.
Para os incrédulos, apenas experiências, com certeza.
Digo que falta-lhes o essêncial, este invisível aos olhos.
Poucos percorrem esse caminho. Fé.
Também estou assim.
Feliz por passar de uma coisa para outra sem quebrar laços.
Filosofia. Educação. Sociologia. Arte. Política.
Idade: 40 e uns. Profissão: Educadora. Formação: Bacharel em Educação Artística.
Mestranda. Mãe. Filha. Amiga. Mulher.

terça-feira, 7 de julho de 2009

ESCOLHAS PESSOAIS

Lendo um artigo à respeito de nosso projeto pessoal de vida, me dei conta de que talvez tenha nascido justamente para algumas coisas. Fiquei pensando: Será mesmo? Não soube responder de imediato. Mas depois me dei conta de que algumas escolhas que fiz me fizeram muito feliz. Se hoje tivesse que escolher, escolheria novamente o mesmo caminho. Como o autor, há também em mim uma sensação muito forte de que acertei nessa escolha. Acredito que somos vocacionados para algumas coisas, mesmo que nossos sonhos sejam bem maiores que nossas possibilidades. Somos os principais interessados. Queremos que nossos sonhos dêem certo. Afinal, todas as manhãs independente de nossa vontade, o sol nasce e sempre haverá "janelas" para o tempo, para ver, ouvir e sentir tudo isso. Sempre. Como se todas as perguntas daquele dia estivessem ali, e tivessemos que respondê-las todas. Se pararmos para refletir sobre as coisas simples da vida, perceberemos claramente que carregamos uma força interior que nos faz crescer, ser mais. Como também uma tendência para fazer escolhas, projetar, investir e até fazer renúncias em vista daqueles objetivos. Minha resposta à vida talvez seja meu empenho pessoal em administrá-la da melhor maneira possível, fazendo com que gestos cotidianos tenha sentido. A vida é um exercício prático de olhar para as coisas.Como essa imagem do fotógrafo e amigo carioca Marcelo Flores, "THE REAL WINDOWS". Luz e sombra. A janela desse poeta do olhar.
(Foto: Gilvan Ciríaco)
A escuridão e a luz, ambas dimensões necessárias ao humano existir.
Porque a escuridão é apenas a ausência de luz.
Quando um objeto é iluminado, reflete a luz proveniente de uma fonte que chega aos seus olhos. Assim quando não há luz, ou seja, na escuridão, nenhuma reflexão ocorre e você não vê nada.
Na verdade, ouvi de um amigo que ela não desaparece, ela se esconde rapidinho num cantinho escuro, basta procurá-la. Disse-me também que não usasse apenas uma lanterna para encontrá-la, senão ela correria para outro canto.


As vezes, não podemos nos calar diante de algumas necessidades internas.

sábado, 4 de julho de 2009

OLHAR É DIFERENTE DE VER

Tá certo que hoje depois de textos meio chatos, mas fundamentais para reflexão crítica em meu ofício de educadora e de tantas outras pessoas, proponho educar os sentido da visão. Como não poderia deixar de ser vindo dessa mulher que vos fala e considerada por muitos como "louca".....ops...de um cineasta espanhol. Bem, na verdade, sou descendente de espanhois tb...he,he,he. Já me disse uma vez, um amigo cineasta do Movimento dos Sem Tela (e pretendo com mais tempo, falar sobre ele) : "Olhar é diferente de ver". Olhar para esse mundo surreal em que vivemos, à partir da ótica desse grande cineasta, que aprendi a gostar ainda como estudante da disciplina de cinema na Faculdade de Artes, em Bauru. É o cara...ops.

Luis Buñuel (Calanda, 22 de Fevereiro de 1900 — Cidade do México, 29 de Julho de 1983) foi um realizador de cinema espanhol, nacionalizado mexicano . Trabalhou com Salvador Dalí, de quem sofreu fortes influências na sua obra surrealista.A obra cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica mas sempre cercada por uma aura de escândalo, tornou-o um dos mais controversos cineastas do mundo, sempre fiel a si mesmo.Buñuel também influenciou fortemente a carreira do realizador conterrâneo Pedro Almodovar.


* Le Charme Discret de la Bourgeoisie (1972) ("O Charme Discreto da Burguesia")

FORMAÇÃO DO PROFESSOR - Série Debates Vida e Educação

O ministro Fernando Haddad, defende reformular currículos de Pedagogia. O secretário Paulo Renato, aposta em cursos de aprimoramento após a formação universitária. No País, 70% do 1,8 mi de docentes tem curso superior. Ambos demostram visões diferentes de como isso deve ocorrer. O ministro defende que as universidades federais e estaduais podem e devem formar mais e melhores professores. Ele defendeu a reformulação dos currículos de cursos de Pedagogia e Licenciatura. Já Paulo Renato se disse mais cético quanto à possibilidade de promover tais reformas. Para o atual Secretário Estadual de Educação de São Paulo, apenas cursos de aprimoramento depois da formação universitária podem ajudar (sic) a melhorar a preparação do professor. Ele mesmo admite que mesmo com a criação da Escola de Formação de Professores, que oferecerá cursos gratuitos para docentes aprovados em concurso, "não dão um instrumental adequado para trabalho em sala de aula". A falta de incentivos para a carreira de professores, principalmente financeiros, também foi discutida no debate: "...Se mantivermos esse passo, em algum lugar no tempo (sic), entre 2014 e 2015, esses valores estarão equiparados. Fui assistir o filme " Apocalipse Now", de Coppola...muito bom, para momento de incerteza....rs.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

COM A PALAVRA, A UNIVERSIDADE

Entre todos os outros artigos publicado à respeito , esse no jornal "Estadão", de 14 de Junho de 2009, me chamou mais a atenção.
Não pelo veículo, que alguns consideram neo-liberal.
Mas pela discussão e reflexão proposta pelo ex-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o Prof. Gabriel Cohn.
Para ele (e para muitos), a Universidade ainda é um ente distante que não atende as necessidades sociais. Ambos os lados se queixam de falta de consideração pelo outro.
Coloca a discussão em pauta, diante do enfrentamento ocorrido entre alunos e funcionários em greve na USP, onde a PM deixa um aluno e cinco policiais gravemente feridos.
O referido professor até brinca com o texto citando uma frase do historiador Carlos Guilherme Mota, que diz: "Uma universidade cujo fundador lhe dá as costas não poderia dar mesmo certo"....rs...o fundador em questão é a figura de Armando Salles Oliveira, que empresta seu nome como fundador ao campus principal da USP.
Em princípio, não se nega o reconhecimento desta e de outras tantas Universidades Públicas. Nem se quer discutir a figura de ilustre pessoa. Nem para onde aponta seu derriére.
O artigo se torna interessante, porque levanta a questão em que os meios de comunicação vêm dedicando atenção aos problemas no funcionamento de instituições políticas, em especial o Legislativo Federal.
Ao mesmo tempo, situações críticas internas ocupam o noticiário em SP. É como se estivessemos diante de duas instituições vulneráveis aos desmandos, cada qual a seu modo.
Uma das reflexões que faz é muito interessante para nós que vivemos em um ambiente acadêmico: "Por que ela (universidade/instituição) é tão pouco eficiente quando se volta para si própria e ao mesmo tempo tão indiferente ao que se passa lá fora, na sociedade mais ampla?". Na realidade a Universidade não está, de modo algum, de costas para a sociedade ou indiferente à ela. Mas certamente é verdade que ela se descuida da comunicação com o mundo ao seu redor. E concordo plenamente com essa posição.
O professor nos ensina que, em consequência disso, pouco se faz para demonstrar ao cidadão comum o modo peculiar e inteiramente legítimo pelo qual se faz presente na sociedade à qual pertence.
Cabe aqui lembrar que é justamente esse cidadão comum que contribui para sustentar a Universidade, com pagamentos diretos pelos serviços quando é privada e mediante impostos quando é pública. Aqui também cabe o risco (perverso) de que a universidade pública e gratuita passe a ser vista como um favor, como um encargo do qual se preferiria escapar.
O que não ocorre é o entendimento no interior da sociedade de uma concepção propriamente pública da Universidade como um bem valioso, do qual faz pleno sentido participar, ainda sem benefícios diretos.
Nesse "estado de coisas", para amplos setores da sociedade, por sua vez, a Universidade é um ente distante e abstrato, do qual não se sabe o que esperar e exigir.
Cohn, nos mostra idéias interessantes à respeito (e da qual conjugo) que é a de que todos os trabalhos de pesquisa desenvolvidos, inclusive com apoio público (como a Fapesp), se traduzam em textos simples que devam gerar uma visão sintética, amplamente acessível e difundida para além do ambito acadêmico. Nela se esclareceria o tema, sua importância e para que servem os resultados.
Como dissemos, com a palavra a Universidade.
E aqui, com a palavra a sociedade: Cabe a Universidade explicar a sociedade o que legitimamente lhe cabe fazer para justificar o papel reservado à ela. Isso envolve um aprendizado mútuo, onde a sociedade aprende a cobrar da universidade aquilo que ela sabe fazer bem (a pesquisa de ponta e a boa formação) e esta aprende a exercer sua indispensável autonomia com plena abertura para seu entorno social.
Obrigada pelo aprendizado professor.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Será que terei tempo?

Em toda professora e todo professor existe um educador potencialmente pronto para transformar o ato de ensinar em uma experiência de paixão. O blog " Será que terei tempo?", dirige-se a essa paixão que nos faz construir uma educação que parta da realidade social em que nos encontramos hoje e que nos permita viver o ato de educar como algo além das horas, além dos espaços escolares, além das instituições. Nosso tempo é "curto". Frequentemente temos dificuldades em encontrar o espaço para atividades que gostaríamos de realizar como educadores. Pensar um mundo onde algumas considerações não sejam mera utopias.

(ALVES, Rubens. Conversas com quem gosta de ensinar. Campinas, SP:Papirus. 2000).