quarta-feira, 25 de novembro de 2009

HOJE ESTOU TODA MAFALDA...


Será que vão entender minha reflexão sobre direitos autorais?????

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

REFELETINDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UM CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA A JUVENTUDE

1. CICLO é representado por uma série de eventos (ou fenômenos) que se repetem sucessivamente, ou seja, retornam pela mesma via de onde iniciaram. (segundo o Aurélio).

2.USABILIDADE é um termo usado para definir a facilidade com que as pessoas podem empregar uma ferramenta ou objeto a fim de realizar uma tarefa específica e importante. A usabilidade pode também se referir aos métodos de mensuração da usabilidade e ao estudo dos princípios por trás da eficiência percebida de um objeto.

E aí existe outro termo que gostaria de considerar a 3. INTERFACE, em uma relação com um objeto, ou como costumo chamar no processo de construção da relação com o sujeito da ação social : como "grudinho" das relações sociais (e na afirmação da minha posição político ideológica socialista, que não o vê como um objeto). Traduzindo: educação social uma questão de relações (CARO,2009).

Podemos ainda considerar 4. CICLO ECONOMICO como a flutuação periódica e alternada de expansão e contração de toda atividade econômica de um país ou de um conjunto de países.

Ou seja, se partirmos dessas premissas um CICLO TÍPICO, consiste num período de expansão econômica, seguido de uma recessão, ou de um período de depressão e um novo movimento ascendente ou de recuperação econômica.Existem muitas teorias sobre os ciclos econômicos, consoante a base nos princípios das doutrinas econômicas onde se baseiam.

Todavia a maioria das teorias dos CICLOS baseia-se nas variáveis e determinantes do investimento e seus efeitos, no mecanismo multiplicador do capital.

Este, em combinação com o princípio do MULTIPLICADOR, dá lugar à teoria do Acelerador, para mostrar o ajustamento do grau de investimento à variação do MERCADO.

O ciclo de Otto (ciclo termodinâmico), que em uma comparação com o que posso considerar em meu trabalho como CICLO ideal para ilustrar o que penso à respeito de POLITICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE, o CICLO que idealiza a combustão por meio de uma combustão interna de ignição por uma centelha (minha motivação socialista). Traduzindo: O motor que ainda que move a História.

E aí existem os ciclos ideais e os ciclos reais. E a análise dos discursos. E a dialética Hegeliana e a dialética Marxiana.

Passei a observei as respostas de meus colegas de academia, de convivência no trabalho. Todas indicam claramente: ANÁLISE E AVALIAÇÃO, AGENDA, PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO, A TOMADA DE DECISÃO, IMPLEMENTAÇÃO, etc, etc.

Todos baseados nos modelos gerenciais do capitalismo (fordismo, taylorismo), com sua estrutura hierárquica na implantação das políticas públicas. Ou seja, mesmo em relação ao Estado, o ciclo econômico hegemômico ainda predomina nos discursos e nas ações.

Se pensarmos o Estado, no conceito ampliado de Gramsci – Estado = sociedade civil e o seu potencial mobilizador, a proposta de um CICLO me parece mais adequada no primeiro conceito que utilizei, a de repetir processos educativos sob novos paradigmas, até que eles se tornem fenômenos sociais de verdadeira transformação e retornem para a mesma via de onde iniciaram: a sociedade (RODRIGUES, 2009).

Na "aldeia global" em que se transformou o nosso mundo, nada acontece, portanto, que não envolva amplas camadas da população. A contradição e negação é a sua resposta: as massas se tornaram a chave do nosso tempo. Quer se procure a sua legitimação instrumentalizando-as passivamente, quer elas, de baixo, manifestem ativamente as suas reivindicações nas mais diversas expressões.

Assim, enquanto, por um lado, se multiplicam e sofisticam os instrumentos de manipulação, por outro lado, a criatividade popular renasce obstinadamente, manifestando cada vez mais a sua vontade de escrever a história. A historia verdadeira, a que é feita com base na democracia que é do povo para o povo.

Os recursos tem que ser viabilizados não para implantar projetos, programas, ações pelo controle do Estado.

Mas para fomentar e descentralizar as ações, com os recursos financeiros direcionados para a sociedade civil organizada, de uma maneira participativa.

Inverter a lógica da pirâmide.
Em uma outra lógica, a da cooperação na construção de um mundo mais justo e equinanime.

Bela história a do Rei Artur e sua Távola redonda para começarmos a ensinar nossa Juventude.

domingo, 25 de outubro de 2009

IDOSO - ENCARGO OU PATRIMÔNIO

O final do séc. XX tem presenciado com indignação um recrudescimento de práticas sociais que a humanização de nossa sociedade já devia ter exilado definitivamente.

Associado ao fracasso e à desmoralização do socialismo autoritário e a ascensão política capitalista extremista, neoliberal, "pipocam" por todo o mundo episódios agudos de exclusão social, segregação, discriminação e racismo. Guiados pela barbárie da pura lei de mercado consolidam-se ilhas de riqueza, prosperidade e desperdício num oceano de pobreza, prosperidade, desperdício num oceano de pobreza, doença e fome.


Dois mundos com destinos tão diferentes capazes de por em risco nossa espécie e o equilíbrio ambiental do planeta.


Neste contexto, construir políticas públicas para a terceira idade tem um valor emblemático de luta pela democracia e pelo socialismo com liberdade. São novas propostas, novas respostas, construídas pela descentralização, pelo trabalho integrado, pela participação e pela solidariedade.


A gestão municipal atinge importância fundamental na definição dos rumos, sobretudo porque a relação entre os poderes constituídos e os cidadãos começa a ultrapassar os limites da democracia representativa.


Precisamos repensar as dimensões individuais, comunitárias e sócio-políticas do envelhecimento


(à partir da reflexão do site http://www.capacidadeplena.com.br/, criado por Alexandre Kravetsky, 75 anos, do município de Pedreira-SP.)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

QUINO E EU...


REBIMBOCA DA BERIBELINHA



Ganha um doce quem souber o que significa rebimboca da beribelinha.

Enguiçado numa esquina, o carro de um amigo viu-se socorrido por uma oficina ambulante instalada numa kombi. O mecânico levantou o capô, fez ares de entendido, mexeu daqui, fuçou dali e, peremptório, pronunciou o diagnóstico: "Precisa trocar a rebimboca da beribelinha".

"Quanto custa isto?", indagou o motorista. "É uma peça rara e cara, mas por cem reais troco para o senhor."

Feito o acordo, o rapaz enfiou a cabeça no motor e, ferramentas em mãos, iniciou a cirurgia mecânica. Findo o serviço, cinco minutos depois, o carro ligou e o motorista pagou. No dia seguinte, por precaução mineira, levou o veículo na oficina da concessionária. Só então soube que não existe rebimboca da beribelinha; o enguiço ocorrera porque soltara o cabo da bateria.

Ora, todos sabemos que existe sim rebimboca da beribelinha. É essa capacidade de certas pessoas explicarem o inexplicável: a defesa de políticos corruptos (basta comparar renda e patrimônio para se tornarem eticamente indefensáveis); a revogabilidade do irrevogável; o ex-presidente ao negar conhecer um jovem apadrinhado por ele; o senador que recorre a notas frias de frigoríficos (com perdão da redundância) para justificar sua dinheirama; a anistia a torturadores que jamais foram punidos; o famoso inquérito de trinta dias para apurar acidentes; o sumiço de drogas apreendidas pela polícia; as propaladas vantagens dos alimentos transgênicos; os anúncios de pedofilia virtual que usam crianças como iscas de consumo; a responsabilidade social de empresas que degradam o ambiente inteiro; os pregadores religiosos insensíveis à miséria circundante; o elegante contrabando de lojas de grifes etc. etc.

Rebimboca da beribelinha é a capacidade de falar sem dizer nada; prometer sem cumprir; governar sem administrar; sorrir sem estar alegre; enfim, roubar o porco e, surpreendido, sair gritando de olho no ombro: "Tira esse bicho daí! Tira esse bicho daí!".

Hoje em dia a rebimboca da beribelinha faz muito sucesso na TV. Tanto que mantém hipnotizada, dia a dia, durante horas, milhões de telespectadores que, além de umas tantas informações dos telejornais, nenhum proveito tiram para ampliar sua cultura, tornar mais crítica sua consciência ou aprofundar sua vida espiritual.

Todos nós temos enguiços na vida, dificuldades, desafios, enfim, peças a serem trocadas e decisões a serem tomadas para saber em que rumo prosseguir. Muitos, acovardados frente aos momentos críticos, apelam para a rebimboca da beribelinha. Reclamam da vida, da realidade, da política do país, do estado atual do mundo, mas nada fazem para mudar esse estado de coisas. Ficam no queixume, alugando os ouvidos de quem está ao lado, destilando ira pela vida fora, à espera de quê? Ora, é evidente, à espera de quem surja e lhes ofereça a rebimboca da beribelinha.

O maior acervo de rebimboca da beribelinha são os arquivos dos parlamentos, nos quais se conservam os discursos de vereadores, deputados e senadores. Quanta empáfia, quanto palavrório, para tão pouco resultado e proveito!

A internet não fica atrás, sobretudo a quantidade de textos, supostamente assinados por autores famosos, que circulam: pura rebimboca da beribelinha. Nada acrescentam à nossa douta ignorância. Enquanto isso, o mundo, lá fora, arde em chamas: guerras, terrorismo, bases usamericanas na Colômbia, gripe suína, narcotráfico, desmatamento da Amazônia, crianças-mendigas improvisadas em acrobatas nas vias dessinalizadas da vida...

Se confissão auricular ainda fosse obrigatória na Igreja, não seria nada mal sugerir ao penitente, em seu exame de consciência, avaliar o quanto seus atos e pensamentos, intenções e palavras, estão repletos de rebimboca da beribelinha.

Deixo a sugestão de se instituir, em clubes e condomínios, empresas e repartições públicas, grupos de amigos e associações, o prêmio anual Rebimboca da Beribelinha. A ser dado a quem, como o meu amigo do carro enguiçado, acredita no primeiro que lhe entuba pelos ouvidos lé com cré.

(Leiam Frei Betto. O homem é escritor, e autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros).

domingo, 4 de outubro de 2009

domingo, 20 de setembro de 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

LEONARDO BOFF E NÓS



Recentemente um professor nos lembrou do livro de Leonardo Boff: " A AGUIA E A GALINHA - uma metáfora da condição humana".
Mas moçada... quem é mesmo esse "cara"????


Vou falar quem foi Leonardo (se é que seja possível resumir quem é esse ser humano) e como foi meu encontro com esse "cara" aos 19 anos, ainda na Faculdade de Artes e Comunicação da UNESP, em uma das palestras que ministrou.

Naquela época, ganhei de um tio (que em uma família católica, apostólica e romana, sempre foi visto como subversivo...rs), o livro em sua 22ª edição. Achei interessante essas "coincidências" da vida porque ao falar sobre a palestra, logo de sua estante saiu o livro: "Toma aí. Lê. Depois me fala!". Direto e uma piscada de canto de olho. Ops, me despertou logo de cara....rs.


Leonardo Boff sempre foi professor de teologia, de filosofia, de espiritualidade e de ecologia. Trabalhou mais de vinte anos em Petrópolis, com um pé na academia e outro nos meios mais pobres. Dessa combinação nasceu a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO que ele, junto com outros, ajudou a formular. Sempre se deixou iluminar por São Francisco e Santa Clara, os paradigmas de uma nova humanidade terna e fraterna. Atua junto à comunidades de base, dá curso em universidades brasileiras e estrangeiras e escreve com assiduidade. Dos mais de sessenta livros destacam-se os que tb gostei de ler: Nova era: a civilização planetária; Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. Mas o que mais me impressinou mesmo foram: Brasa sob cinzas - estórias de anti-cotidiano e A aguia e a galinha - metáforas da condição humana. Hoje Leonardo Boff é professor emérito da UERJ.


Ao ver uma galinha e uma águia, você vai ver mais que uma galinha e uma águia. Você vai se confrontar com duas dimensões da existência humana. A dimensão do enraizamento, do cotidiano, do prosaico, do limitado: o símbolo da galinha. A dimensão da abertura, do desejo, do poético, do ilimitado: o símbolo da águia. Como equilibrar estes dois pólos? Como impedir que a cultura da homogeneização afogue a àguia dentro de nós e nos tolha a voar? Para dar uma resposta convincente a esses desafios, o autor visita a moderna cosmopologia, a psicologia profunda, a nova antropologia, a ecologia, a espiritualidade e a mística. O resultado é uma reflexão instigante que provoca entusiasmo na busca da identidade humana através da inclusão das contradições e da superação dos eventuais obstáculos a nível pessoal, social e planetário.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O PODER DA MÍDIA....E NOSSO PODER DE ESCOLHA


Tenho acompanhado, como a imensa maioria, o que tem sido publicado e divulgado na mídia.

Conversando com alguns educadores e amigos, e utilizando TODAS as tecnologias que hoje estão a nossa disposição: MSN/ ORKUT/ TWITTER/ BLOGS/TORPEDOS/SMS....chegamos a conclusão óbvia (e nem sempre para a maioria...ops...falei...rs), de como o poder e a função da mídia geram discussões profundas e polêmicas. Por isso acredito também (ops...ultimamente minhas crenças tem aumentado profundamente...coisas das leituras de mestrado....rsrsrr), que cada um de nós deva pensar um pouco (pelo menos um pouco vai...ops...falei de novo..rs), em todos os aspectos que envolvem os meios de comunicação, isto é, sua necessidade, sua importância, seus usos e abusos.

Atualmente, recebemos informações por diferentes mídias.

Uma provocação: o que fazemos com essa "avalanche" de informações?

É preciso estarmos atentos às informações que nos chegam, analisando-as de maneira crítica e _ por que não?_quando em dúvida, comparar o "tratamento dado" (ops....falei de novo...e me veio aquela palavrinha....rs), ao fato em diferentes veículos.

Proponho uma experiência. Individualmente ou em grupo, escolha um fato marcante ocorrido na semana e analise como o assunto foi tratado na mídia.

E as notícias veiculadas da crise na Receita Federal, heim???....ooooopsssssss...

PATRIA AMADA ESQUARTEJADA

"Patria Amada, salvem, salvem"




" A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens." (Jacques Le Goff, 1984)


Na qualidade de diretor de estudo na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Jacques Le Goff publicou brilhantes estudos consagrados, que renovaram a pesquisa histórica, sobre mentalidade e sobre antropologia da Idade Média. Seus seminários exploraram os caminhos então novos da antropologia histórica. Ele publicou os artigos sobre as universidades medievais, o trabalho, o tempo, as maneiras, as imagens, as lendas etc. Sinal do sucesso de suas teses, ele atuou no renovamento pedagógico de história participando da redação de um manual escolar.




PATRIA AMADA ESQUARTEJADA - foi uma das exposições, produzidas pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, em 1993 em São Paulo. Na época, já trabalhava com jovens das favelas da Vila Prudente em ações educativas junto ao MAM - Museu de Arte Contemporâena de SP. E levei-os para ver a exposição e refletir sobre as imagens. O contexto, fazia parte do projeto político-pedagógico da rede municipal de ensino e o ensino da história do Brasil. Composta de 30 painéis, a exposição continha imagens e textos que abordavam a multiplicidade contraditória de diferentes versões da história do Brasil.

A exposição nos levava a refletir à respeito de como a memória pode nos pregar algumas peças....todo mundo, algum dia, já se esqueceu de algo que parecia importante ou foi surpreendido por lembranças que pareciam perdidas no tempo. Recorrendo ao psicólogos e psicanalistas, Jacques Le Goff observa que na recordação ou no esquecimento a memória individual está condicionada pelas manipulações conscientes ou inconscientes do interesse, da afetividade, do desejo, da inibição e da censura. Diz também que a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Nos tornarmos então, sujeitos da memória e do esquecimento. E talvez seja essa, uma das grandes preocupações que devemos ter como educadores sociais nos dias de hoje. O silêncio e o esquecimento da história, são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva. E uma das maneiras de promover estes "esquecimentos" é gravando lacunas no tempo, é fazer da nação o personagem central de uma história transmitida de geração para geração. Essa história que nós é posta, é entendida como BIOGRAFIA DA NAÇÃO...e não como a trajetória de sujeitos diversos e experiências sociais conflituosas. Assim, a história que ainda ensinam a nossas crianças, se converte em um mecanismo de seleção do que "deve" ser memorizado ou silenciado para forjar uma identidade e legitimar outras tantas. Por isso é que acredito na forma de "memorização" de outros sujeitos históricos. Por isso é que acredito na PEDAGOGIA DA IMAGEM, como instrumento de meu ofício de educadora. E outras formas de linguagem que ao meu ver não só educam, como "transformam" o olhar.
Há muito tempo ouço em minha família: "Cabeça não foi feita só para usar chapéu".....rsrsrrrsrs. Não sei se aprendi a lição...mas ainda tento!!!....rsrrsrs


domingo, 23 de agosto de 2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

FILOSOFANDO COM LUCY

Você só aprende uma coisa até que a aprenda de outras maneiras.
Estou vivendo meu momento de catarse. E talvez seja isso o que promova o encontro comigo mesma.
A fixação de meu momento "catártico" torna-se então, segundo me parece, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis que estudo.
O processo catártico, coincide com a cadeia de sínteses que procuro elaborar e que resultam do meu desenvolvimento dialético.
TEORIA - PRÁXIS - CONHECIMENTO - AÇÃO.
Ops...será que existem intelectuais orgânicos gênero feminino????

domingo, 16 de agosto de 2009

ESQUENTA A BARRIGA NO FOGÃO E ESFRIA NA PIA






"As mulheres da zona petrolífera do delta do rio Níger, no sul da Nigéria, ameaçam declarar uma greve e deixar de cozinhar para seus maridos caso os problemas de desenvolvimento da região não sejam resolvidos imediatamente".
Egídio Vaz (Africa do Sul), foi quem enviou a referência.


É fato que ainda somos minoria nos parlamentos, nos poderes executivos e judiciários, nas chefias de empresas, nas direções de partidos, nas universidades. Não se deve falar de nossa falta de interesse pela política, porque esse tipo de pensamento é perverso e reforça o estigma de que somos fadadas ao espaço privado. Vários são os motivos para esse quadro, desde a divisão sexual dos afazeres domésticos; o conservadorismo da sociedade, de raiz patriarcal; a falta de investimentos em políticas de incentivos e a na política, a atual legislação de cotas por sexo, que na verdade se refere à reserva de vagas de candidatura, e não de cadeiras, como ocorre na Argentina, onde 40% das parlamentares são mulheres. Para se ter uma idéia, no Brasil, a lei de cotas não foi cumprida pelas 26 capitais. Lúcia Avelar, professora titular de Ciência Política no Instituto de Ciência Política da UnB é autora do livro "Mulheres na Elite Política Brasileira" (editora UNESP/ Fundação Konrad-Adenauer) e ressalta o quando as mulheres ainda são invisíveis: "As mais independentes e comprometidas com os movimentos e trabalhos em comunidades encontram maiores obstáculos".As mulheres ainda estão à margem e precisamos trazer o tema à discussão, pois ainda somos invisíveis.
A não ser quando nos recusamos a cozinhar....aí se lembram de nosso papel "social".
E chega de dar fogãozinho para as nossas meninas brincarem....

terça-feira, 4 de agosto de 2009

EM ALGUNS MOMENTOS, SEMPRE É PRECISO TER TEMPO



Meu texto hoje, é uma indicação de um livro. E parte de um momento onde o tempo para mim é precioso. O momento de estar com minhas filhas. E aos poucos nessa tarde, lá vem uma delas (a adolescente). Entra em meu escritório e começa a mexer nos livros. Observo. Indico a leitura de um livro que curti de montão. E sei que tem muita mãe por aí que vai ficar horrorizada....rs...e como educadora que também gosta muito de estar com adolescentes "desajustados", fica a dica para os colegas de profissão: CLEO E DANIEL - de Roberto Freire.

Mas afinal, quem é esse cara???
Roberto Freire, nasceu em São Paulo, no ano de 1927. Formou-se em Medicina e como bolsista da Unesco, continuou seus estudos no Colège de France em Paris. Alternava o consultório particular com o de fábricas, para tornar-se psicanalista.exerceu por alguns anos a profissão e abandounou definitivamente a medicina. Paralelamente a atividade científica, interessou-se sempre por literatura e teatro. No teatro, iniciou pela atividade didática, sendo por algum tempo professor de psicologia do ator, na Escola de Arte Dramática de São Paulo. Escreveu peças e com o TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), participou da conquista do grande premio do Festival Universitário de Nancy, na França, em 1966. O mais legal mesmo foi seu lado social e político. Participou da Campanha Nacional de Alfabetização pelo sistema Paulo Freire e idealizou a Campanha Nacional de Popularização do Teatro, além de ser membro do Conselho Nacional de Cultura. Essas atividades, somadas ao de diretor do semanário católico Brasil Urgente, levaram-no duas vezes à prisão e a responder IPMs em 1964. O romance CLEO E DANIEL, foi escrito durante o período de desemprego forçado pelas condições políticas. Foi transformado posteriormente em roteiro cinematográfico e foi filmado sob a direção do autor. Roberto Freire era divorciado e tinha três filhos homens e músicos. Morreu em 23 de maio de 2008, aos 81 anos.




" Esperei muito tempo por você. Meu nome é Rudolf Flügel. Como os mendigos e as putas, a gente logo percebe quais os que vão parar diante de nós para a oferenda. Para esses não estendemos as mãos. Com eles não trocamos o que temos, mas o que somos. Você está diante de mim, com os olhos abertos. Prontos para que eu escreva livremente sobre eles. Tudo. Sim, tudo. Porém do jeito que sugeriu Henri Michaux: Nada da imaginação voluntária do profissional; nem temas, nem desenvolvimento, nem construção, nem método; ao contrário, apenas a imaginação e a impossibilidade em conformar-se".




Palavras do autor:

"....Todo jovem sincero e inteligente intui qual o futuro de seu amor na sociedade em que vivemos. Ele sabe que o beijo das horas de Cleo e Daniel na Praça da República, o banho na cachoeira do parque, por exemplo, podem acabar diante de uma televisão, assistindo novelas, também por exemplo. Sabem que a mediocridade asfixiante da classe média pode levá-los a necessitar o destelhamento de suas casas e, em seguida, serão levados ao sanatório e ao eletrochoque. Enfim, sabem que é o amor o contrário da morte, não a vida, não qualquer vida. Mas sabem também que a vida que lhes é imposta significa a morte do amor'.


Cléo e Daniel é o impossível caso de amor entre um casal de jovens sensíveis e considerados pela sociedade como "desajustados". Primeiro romance de Roberto Freire, lançado em 1966, escandalizou o país com sua linguagem contemporânea e contundente. Foi considerado um “Romeu e Julieta” nacional. Dois adolescentes, de quinze e dezessete anos descobrem e vivem o amor total, e por isso mesmo são caçados pela população da cidade de São Paulo. Com mais de trinta anos, continua um romance atual e interessa igualmente à juventude.



O livro, que não tem uma estrutura lineal definida, se passa em três planos diferentes. Primeiro, a relação de Rudolf Flügel com Benjamin e tudo o que daí decorre: «Benjamin. Ele é baiano. Preferiu viver em São Paulo porque adora o deserto. [...] Negro, retinto, há quase quarenta anos Benjamin é poeta, antropologista, filósofo e solteiro. Como tudo isso não rende dinheiro algum, tornou-se o mais completo tradutor da cidade.» (Pg. 11-12) Segundo, a cafetina francesa Gabrielle, de mais de sessenta anos, seu Bar do Viajante “Requiescat in Pace” e a turma de homossexuais velhos, os “elefantes”, que o freqüentam. O terceiro núcleo seria o composto por Cléo, Daniel e amigos como Marcus. Rudolf entra em relação com cada um dos personagens. E logo, como quase sempre, tem alguns personagens secundários que, em muitos dos casos, são tanto ou mais importantes que os principais, por causa de algumas das palavras que o escritor faz-lhes dizer ou ouvir da boca do protagonista.Desta vez, não é a minha intenção fazer o resumo do romance. A história que explica o livro não é só uma, é várias. Do total de 261 páginas de que consta a edição que usei, encontrei na 206 o que se pode considerar como a síntese temática de Cléo e Daniel: «Mais especificamente, o mito de Rudolf é este: devorar a esfinge em lugar de decifrá-la. E seguir o itinerário da solidão, percorrendo os caminhos do sexo, da loucura e da morte.»A relação entre Rudolf e Benjamin explora a natureza do sexo e do amor, ou, melhor ainda, da perda do amor, no que depois se revelara como uma das teses principais do livro: a inexistência do amor é a causa da natureza torcida da humanidade. Benjamin e Rudolf dividiam, quando ainda nem se conheciam, amizade e corpo com Beatriz e Madalena. Beatriz, a pintora, divide apartamento com Fernanda, a atriz. Amante das duas, Rudolf deixa grávida Fernanda, fato que o afunda na desesperação. Mais ainda quando Fernando e o filho morrem no parto.O “Requiescat in Pace” simboliza o lugar não aceito pela sociedade burguesa, o bar dos danificados e excluídos. A cafetina e as suas prostitutas, os quartos, e essa turma dos “elefantes” que passa os dias e as noites nessa atmosfera lúgubre, descrita por Rudolf, não julgada. A ação no “Requiescat...” começa com a morte de uma das putas e acaba com a morte do local por fechamento e partida da proprietária Gabrielle. Por vezes o leitor tem a sensação que Rudolf deixou o consultório pelo bar. Como se o senhor psiquiatra tivesse deixado de ver as pessoas de acima para vê-las de lado.E finalmente Cléo e Daniel. Cleo é uma menina que foi forçada a abortar pela sua mãe, digna representante da sociedade opulenta que Freire quer criticar e que não pode suportar a idéia da gravidez de uma filha adolescente. Pai, mãe e sua filha não convivem bem. Assim, Cléo vive de festa em festa, tomando comprimidos quantas vezes for preciso até que um dia sua mãe a leva ao psiquiatra. Ali Cléo entra em contato com Rudolf... e com Daniel. Pela sua vez, Daniel chega até Rudolf a través de Marcus, seu amigo pederasta que vem pedindo pílulas para seu amigo adito. Daniel vive aprontando, agride os seus pais, falta à escola e se revolta contra tudo o que está no seu redor. O encontro com Cléo tinha que ser inevitável. O desejo também. E o amor As duas criaturas decidem acabar com a vida juntas, uma alimentando com pílulas azuis a outra, e vice-versa. Saem à rua e, em vez de pedir ajuda, afirmam ter encontrado a paz. São pegos pela polícia e morrem diante da autoridade, despidos, abraçados, num beijo eterno.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

PODERÁ A PEDAGOGIA SOCIAL CONSTRUIR UMA PROPOSTA DE POLÍTICA SOCIAL?

A pergunta acima veio da reflexão, em uma das palestras que assisti do Prof. Dr. João Clemente de Souza Neto (MACKENZIE e PASTORAL DO MENOR), nas JORNADAS DE PEDAGOGIA SOCIAL- RUMO AO CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL (ocorridas em maio de 2009, na UNISAL e UNICAMP), à partir da definição do professor do que seria o lugar social – os "produtos" e "produtores" de uma certa história, e de que pudessemos repensar a prática, refletindo sobre as políticas públicas para as crianças e o adolescentes no Brasil, fora do contexto escolar, objeto de minhas análises de mestrado.
Pois bem. Poderá então a pedagogia social construir uma proposta de política social?

Segundo João Clemente, as políticas propostas até aqui são equivocadas, sobretudo para os que estão fora do sistema . Essas são reprodutoras de um sistema social vigente, conforme também nos ensina outro professor, Marcos Francisco Martins (UNISAL). Marcos diz que elas favorecem o fortalecimento de reprodução de uma situação e não de uma práxis criadora¹.
Na história, João Clemente, aborda o primeiro grande equivoco: as práticas sociais e a política social dos jesuítas. Na pratica dos jesuítas com a questão indígena – desacreditar e desvalorizar o outro para perpetuar o que é institucional - as crianças deveriam viver conosco e deixariam suas famílias, pois as mesmas não tinham condições de conviver em famílias pagãs. Melhor seria viver conosco- quase como se fosse proposto um "seqüestro" de suas famílias.
A história do Brasil , o fez refletir e retomar à análise crítica das práticas sociais e pedagógicas, no período de 1500....1700. E a constatação da triste perspectiva de que estavamos vivendo da mesma forma. Nas Casas de Misericordia – 14 casas, sendo que 06 ligadas à políticas sociais, todas iam na mesma direção – desacreditar o outro, para fortalecer a proposta. E em 1950, ocorre a tragédia das roda dos expostos.

No quadro panorâmico do movimento da história e o movimento dos educadores sociais, tomou para si dois principios, reduzidos aqui, para problematizar a criança e adolescente no Brasil – os movimento sociais e o decorrer do séc. XX .
Todas essas questões, inclusive as relacionadas aos movimentos educacionais e anarquistas, o levaram a pensar a Pedagogia Social hoje e propor a seguinte pauta para reflexão na JORNADA:
ESTADO E SUJEITOS DE DIREITOS/ PEDAGOGIA SOCIAL/ MERCADO
1ª reflexão - ORDENAMENTO JURÍDICO – retomou sua análise, enquanto princípio onde as práticas pedagógicas e as atitudes decorrentes dessa prática fossem pautadas em um código jurídico, de uma "raça" de perigosos e uma "raça" vituosa. Aqui o "produto" seria a polícia (sic) : raça virtuosa onde na questão social, tudo se justifica e tudo se explica. Reflexão essa já abordada por Florestan Fernandes.

2ª reflexão- DESAFIO – na ótica de Paulo Freire, constata que vimos caminhando na história elementos do conflito e das condições de forças – Aqui o "produto" seria o consenso: Loas/ Eca/ etc.

3ª reflexão – INDICADORES DA PEDAGOGIA SOCIAL – nos programas sociais, há uma coexistência dos processos de opressão e da correlação de forças . Aqui o "produto" seria a mudança necessária.

4ª reflexão - MERCADO - No mercado capitalista– rápido e lucrativo – o grupo contrário tenta coptar todos os outros grupos – compra ética/ princípios/ ações. Aqui o "produto" é o sistema: onde tudo se compra, inclusive o direito à educação.

Não poderia afirmar se estou definitivamente correta. E na verdade, não me sentiria confortável nessa afirmação, em um momento onde olhar para essa realidade e descrevê-la sem uma análise teórico- crítica seria demasiado imprudente, ainda com meu senso comum à luz das ciências da educação. Caminho que estou aprendendo a "decodificar", nas análises dos discursos à partir de um conjunto ou de uma série deles. Aqui meu interesse não é apenas dentro de um contexto específico - comunidade ou instituição - e suas interações (apesar de não descartá-los totalmente quando forem necessários em sua causa). Minha análise seria de outra ordem, onde tentar contextualizá-los, seria relacioná-los como elementos que formam redes sociais, determinadas por regras e rituais, e por que não, modificáveis na medida em que se influenciam mutualmente.
E aqui "Focault"!!!! Fundamentar essas dificuldades de contextualização à partir de 03 itens: causalidade/ raciocínio/não imediatismo, não é uma das tarefas mais fáceis na complexidade social em que estamos inseridos.

Ver a Pedagogia Social como projeto societário seria intervir - considerando formar pessoas – sob a perspectiva de qual é nossa visão de mundo, compromissos e princípios éticos. Os meios, para mim são os processos formativos. E aqui a minha crença de que não poderiam ser outra coisa.
O princípio para análise de uma política social em uma análise e outra lógica. De olhar para o outro com potencialidade, capaz de criar, de transformar a realidade e torná-la mais humana. De perceber o outro , não como um delinqüente, criminososo, perigoso. E como nos ensina João Celemente, de pensar e olhar para o outro de uma outra forma de humanização, que passa antes pela análise de processo de práticas de desvio – e de que todos nos cometemos – que é o de perceber as coisas como situação problema e com a natureza de seqüestrar as pessoas e salvá-las.
E a mim me parece que essas análises, equivocadas, tem nos levado a repetir processos com políticas compensatórias.

Não podemos seguir históricamente, sem políticas sociais que façam as críticas aos programas. Mas não vamos também, acabar com as políticas sociais e de direitos humanos na perspectiva apenas dessa avaliação crítica , de nosso um lugar comum dos discursos, desconsiderando a avaliação dos elementos positivos que nos permitem refletir nossas práxis de outra forma.
Olhando assim acredito que possamos aprender a encontrar o humano. Matéria de que afinal, somos todos feitos. E acreditar em uma Pedagogia como meio e processo, caminhada de educadores , JORNADA educativa, para construção de uma política social.


¹ Práxis na definição de Velazquez.


quarta-feira, 15 de julho de 2009

POLITICAS PÚBLICAS X ESPAÇOS DE SOCIABILIDADE INFANTO JUVENIL


Quanto mais leio, mais acredito que há ainda muitos espaços de sociabilidade infanto- juvenil e outros espaços educativos que não foram e não são corretamente trabalhados.
Como os cursos de pedagogia se encontram em relação à isso?
Eles simplesmente não dão conta de problemas atuais: os problemas históricos e as disciplinas optativas descaracterizaram os currículos.
As propostas político-pedagógicas das instituições públicas e particulares demonstram hoje, insuficiência na educação e na formação desses novos profissionais.
As propostas de curricullum atuais, com o sistema de avaliação voltados para as escolas cumpram suas funções didáticas pedagógicas para esse espaço institucional: formam indivíduos com competência lógicas fisiológicas e lógicos matemática .
O problema é que constatamos empiricamente com a realidade social que enfrentamos , o quanto estas mesmas instituições não cumprem mais as funções didáticas pedagógicas para uma lógica excludente e impositiva. E o quanto as funções sociais cumprem.
E essas funções não são avaliadas. Não temos os indicadores.
Como poderíamos então, avaliar as funções sociais diante das funções didáticas pedagógicas?
Roberto da Silva (FEUSP), pesquisador em educação social, diz que o desenvolvimento dessas políticas passa a ser um desafio para a educação social e pedagogia social assumir. Identifica vários outros nichos possíveis, onde as abordagens tradicionais demonstram sinais de esgotamento. Onde não são mais eficazes. E afirma que há muito se aponta a falência desses sistemas.
Acredito que romper com essas políticas é quebrar paradigmas. A na verdade, a pedagogia escolar nunca enfrentou de frente esses problemas. E a educação assim pensada, é enunciada apenas como algo desejável!
Instrumentalizar as praticas pedagógicas extra escolares passa a ser, ao meu ver, extremamente necessária.
O educador acumulou fatos históricos ruins. Diante da dificuldade de inventariar e historiar práxis sociais, como campos possíveis de atuação para o pedagogo social e educador social, sempre existiu a consciência que temos e que nos envergonha.
E perversamente também do lado de cá, algumas das marcas mais ruins das imagens que a sociedade faz à respeito da incapacidade dos educadores em educar, são relacionadas à esse problema.
O desafio imposto: como dar conta da complexidade desses sistemas?
João Clemente de Souza Neto (MACKENZIE), pesquisador, diz que houve historicamente um momento de encantamento com a educação, à partir da constituição de 1978, e o surgimento das ongs ( sobretudo as temáticas).
Diz que esse momento de encanto passou, e houve uma criminalização dos movimentos sociais. Ongs bem intencionadas passaram a ser executoras das políticas de estado e governo. Houve um atrelamento das ongs as políticas de governo para dar "suporte" aos programas sociais. Cada vez mais as ongs foram sufocadas e estranguladas com o problema das sustentabilidade: da lógica da dependência do capital estatal e público.
Esse cenário todo diz que, no Brasil, os modelos comprados não podem ficar alheios. Desenvolvemos modelos clássicos de análise e interpretação da pobreza, mas esses modelos estão comprometidos. A lógica que tinhamos era na resolução dos problemas. Trabalhamos hoje com a lógica da contenção dos problemas.
Em um contexto da educação necessária, como educadores que somos, há muito o que se pensar sobre essas reflexões.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ESCOLHAS PESSOAIS 2

(Foto: Henri Cartier Bresson)




Reflexões. Ainda. Coisas que eu queria saber aos 21.

"Posso fazer qualquer coisa. O importante é fazer bem feito!"
(José Mindlin)

Para quem não sabe quem é o "cara", digo que é o maior bibliófilo do País. Quem já não ouviu falar da biblioteca dele?
Em minhas leituras, lembro-me que ele tenha falado que quis também ser escritor. Sua formação, na verdade, é na área de direito.
Direito também uma área com a qual me identifico muito. Mas optei pela Educação. Direito à Educação sob a perspectiva da Pedagogia Social.
Como estava dizendo, Mindlin até tentou escrever um livro, mas como ele mesmo disse, não avançava.
Daí veio sua paixão pelos livros. E com 13 anos começou a formar sua bilbioteca.
Não consegue se imaginar hoje, e para ele é quase inaceitável, não tê-la formado.
Olhando para trás diz que é apaixonado pelo que faz, que se pudesse voltar, gostaria de seguir o mesmo caminho.
Pela leitura, diz que pode passar de uma coisa para outra completamente diferente sem precisar quebrar laços. E que tem certo culto à indiferença.
Mindlin, diz que podemos fazer qualquer coisa, o importante é que façamos bem feito!!!
O ideal, segundo ele, é que pudessemos escolher aos 40 anos, com uma certa experiência, pois não temos elementos para sabermos o que queremos da vida aos 20 e poucos anos.
Amadurecer. Experimentar. Abrir-se para o novo e desconhecido.
Qual o nosso maior obstáculo?
Também realizei o sonho esse mês, de montar minha biblioteca pessoal e escritório.
Aqui, ali, acolá, livros comprados, doados, recebidos e garimpados.
Quadros, imagens que gosto. Fotos e "badulaques" que não vivo sem.
Meu diploma e certificados na parede para me lembrar quem sou, de meu esforço pessoal de chegar até aqui e de quanto agradeço aos meus pais por isso.
Conquistas!
E um ateliê para meus devaneios e experiências pessoais com imagem, cor e sensações.
Lugar aonde medito e desenho minhas mandalas.
Um altar para meu mestre espiritual. Um lugar de busca e luz imensa.
Para os incrédulos, apenas experiências, com certeza.
Digo que falta-lhes o essêncial, este invisível aos olhos.
Poucos percorrem esse caminho. Fé.
Também estou assim.
Feliz por passar de uma coisa para outra sem quebrar laços.
Filosofia. Educação. Sociologia. Arte. Política.
Idade: 40 e uns. Profissão: Educadora. Formação: Bacharel em Educação Artística.
Mestranda. Mãe. Filha. Amiga. Mulher.

terça-feira, 7 de julho de 2009

ESCOLHAS PESSOAIS

Lendo um artigo à respeito de nosso projeto pessoal de vida, me dei conta de que talvez tenha nascido justamente para algumas coisas. Fiquei pensando: Será mesmo? Não soube responder de imediato. Mas depois me dei conta de que algumas escolhas que fiz me fizeram muito feliz. Se hoje tivesse que escolher, escolheria novamente o mesmo caminho. Como o autor, há também em mim uma sensação muito forte de que acertei nessa escolha. Acredito que somos vocacionados para algumas coisas, mesmo que nossos sonhos sejam bem maiores que nossas possibilidades. Somos os principais interessados. Queremos que nossos sonhos dêem certo. Afinal, todas as manhãs independente de nossa vontade, o sol nasce e sempre haverá "janelas" para o tempo, para ver, ouvir e sentir tudo isso. Sempre. Como se todas as perguntas daquele dia estivessem ali, e tivessemos que respondê-las todas. Se pararmos para refletir sobre as coisas simples da vida, perceberemos claramente que carregamos uma força interior que nos faz crescer, ser mais. Como também uma tendência para fazer escolhas, projetar, investir e até fazer renúncias em vista daqueles objetivos. Minha resposta à vida talvez seja meu empenho pessoal em administrá-la da melhor maneira possível, fazendo com que gestos cotidianos tenha sentido. A vida é um exercício prático de olhar para as coisas.Como essa imagem do fotógrafo e amigo carioca Marcelo Flores, "THE REAL WINDOWS". Luz e sombra. A janela desse poeta do olhar.
(Foto: Gilvan Ciríaco)
A escuridão e a luz, ambas dimensões necessárias ao humano existir.
Porque a escuridão é apenas a ausência de luz.
Quando um objeto é iluminado, reflete a luz proveniente de uma fonte que chega aos seus olhos. Assim quando não há luz, ou seja, na escuridão, nenhuma reflexão ocorre e você não vê nada.
Na verdade, ouvi de um amigo que ela não desaparece, ela se esconde rapidinho num cantinho escuro, basta procurá-la. Disse-me também que não usasse apenas uma lanterna para encontrá-la, senão ela correria para outro canto.


As vezes, não podemos nos calar diante de algumas necessidades internas.

sábado, 4 de julho de 2009

OLHAR É DIFERENTE DE VER

Tá certo que hoje depois de textos meio chatos, mas fundamentais para reflexão crítica em meu ofício de educadora e de tantas outras pessoas, proponho educar os sentido da visão. Como não poderia deixar de ser vindo dessa mulher que vos fala e considerada por muitos como "louca".....ops...de um cineasta espanhol. Bem, na verdade, sou descendente de espanhois tb...he,he,he. Já me disse uma vez, um amigo cineasta do Movimento dos Sem Tela (e pretendo com mais tempo, falar sobre ele) : "Olhar é diferente de ver". Olhar para esse mundo surreal em que vivemos, à partir da ótica desse grande cineasta, que aprendi a gostar ainda como estudante da disciplina de cinema na Faculdade de Artes, em Bauru. É o cara...ops.

Luis Buñuel (Calanda, 22 de Fevereiro de 1900 — Cidade do México, 29 de Julho de 1983) foi um realizador de cinema espanhol, nacionalizado mexicano . Trabalhou com Salvador Dalí, de quem sofreu fortes influências na sua obra surrealista.A obra cinematográfica de Buñuel, aclamada pela crítica mas sempre cercada por uma aura de escândalo, tornou-o um dos mais controversos cineastas do mundo, sempre fiel a si mesmo.Buñuel também influenciou fortemente a carreira do realizador conterrâneo Pedro Almodovar.


* Le Charme Discret de la Bourgeoisie (1972) ("O Charme Discreto da Burguesia")

FORMAÇÃO DO PROFESSOR - Série Debates Vida e Educação

O ministro Fernando Haddad, defende reformular currículos de Pedagogia. O secretário Paulo Renato, aposta em cursos de aprimoramento após a formação universitária. No País, 70% do 1,8 mi de docentes tem curso superior. Ambos demostram visões diferentes de como isso deve ocorrer. O ministro defende que as universidades federais e estaduais podem e devem formar mais e melhores professores. Ele defendeu a reformulação dos currículos de cursos de Pedagogia e Licenciatura. Já Paulo Renato se disse mais cético quanto à possibilidade de promover tais reformas. Para o atual Secretário Estadual de Educação de São Paulo, apenas cursos de aprimoramento depois da formação universitária podem ajudar (sic) a melhorar a preparação do professor. Ele mesmo admite que mesmo com a criação da Escola de Formação de Professores, que oferecerá cursos gratuitos para docentes aprovados em concurso, "não dão um instrumental adequado para trabalho em sala de aula". A falta de incentivos para a carreira de professores, principalmente financeiros, também foi discutida no debate: "...Se mantivermos esse passo, em algum lugar no tempo (sic), entre 2014 e 2015, esses valores estarão equiparados. Fui assistir o filme " Apocalipse Now", de Coppola...muito bom, para momento de incerteza....rs.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

COM A PALAVRA, A UNIVERSIDADE

Entre todos os outros artigos publicado à respeito , esse no jornal "Estadão", de 14 de Junho de 2009, me chamou mais a atenção.
Não pelo veículo, que alguns consideram neo-liberal.
Mas pela discussão e reflexão proposta pelo ex-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o Prof. Gabriel Cohn.
Para ele (e para muitos), a Universidade ainda é um ente distante que não atende as necessidades sociais. Ambos os lados se queixam de falta de consideração pelo outro.
Coloca a discussão em pauta, diante do enfrentamento ocorrido entre alunos e funcionários em greve na USP, onde a PM deixa um aluno e cinco policiais gravemente feridos.
O referido professor até brinca com o texto citando uma frase do historiador Carlos Guilherme Mota, que diz: "Uma universidade cujo fundador lhe dá as costas não poderia dar mesmo certo"....rs...o fundador em questão é a figura de Armando Salles Oliveira, que empresta seu nome como fundador ao campus principal da USP.
Em princípio, não se nega o reconhecimento desta e de outras tantas Universidades Públicas. Nem se quer discutir a figura de ilustre pessoa. Nem para onde aponta seu derriére.
O artigo se torna interessante, porque levanta a questão em que os meios de comunicação vêm dedicando atenção aos problemas no funcionamento de instituições políticas, em especial o Legislativo Federal.
Ao mesmo tempo, situações críticas internas ocupam o noticiário em SP. É como se estivessemos diante de duas instituições vulneráveis aos desmandos, cada qual a seu modo.
Uma das reflexões que faz é muito interessante para nós que vivemos em um ambiente acadêmico: "Por que ela (universidade/instituição) é tão pouco eficiente quando se volta para si própria e ao mesmo tempo tão indiferente ao que se passa lá fora, na sociedade mais ampla?". Na realidade a Universidade não está, de modo algum, de costas para a sociedade ou indiferente à ela. Mas certamente é verdade que ela se descuida da comunicação com o mundo ao seu redor. E concordo plenamente com essa posição.
O professor nos ensina que, em consequência disso, pouco se faz para demonstrar ao cidadão comum o modo peculiar e inteiramente legítimo pelo qual se faz presente na sociedade à qual pertence.
Cabe aqui lembrar que é justamente esse cidadão comum que contribui para sustentar a Universidade, com pagamentos diretos pelos serviços quando é privada e mediante impostos quando é pública. Aqui também cabe o risco (perverso) de que a universidade pública e gratuita passe a ser vista como um favor, como um encargo do qual se preferiria escapar.
O que não ocorre é o entendimento no interior da sociedade de uma concepção propriamente pública da Universidade como um bem valioso, do qual faz pleno sentido participar, ainda sem benefícios diretos.
Nesse "estado de coisas", para amplos setores da sociedade, por sua vez, a Universidade é um ente distante e abstrato, do qual não se sabe o que esperar e exigir.
Cohn, nos mostra idéias interessantes à respeito (e da qual conjugo) que é a de que todos os trabalhos de pesquisa desenvolvidos, inclusive com apoio público (como a Fapesp), se traduzam em textos simples que devam gerar uma visão sintética, amplamente acessível e difundida para além do ambito acadêmico. Nela se esclareceria o tema, sua importância e para que servem os resultados.
Como dissemos, com a palavra a Universidade.
E aqui, com a palavra a sociedade: Cabe a Universidade explicar a sociedade o que legitimamente lhe cabe fazer para justificar o papel reservado à ela. Isso envolve um aprendizado mútuo, onde a sociedade aprende a cobrar da universidade aquilo que ela sabe fazer bem (a pesquisa de ponta e a boa formação) e esta aprende a exercer sua indispensável autonomia com plena abertura para seu entorno social.
Obrigada pelo aprendizado professor.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Será que terei tempo?

Em toda professora e todo professor existe um educador potencialmente pronto para transformar o ato de ensinar em uma experiência de paixão. O blog " Será que terei tempo?", dirige-se a essa paixão que nos faz construir uma educação que parta da realidade social em que nos encontramos hoje e que nos permita viver o ato de educar como algo além das horas, além dos espaços escolares, além das instituições. Nosso tempo é "curto". Frequentemente temos dificuldades em encontrar o espaço para atividades que gostaríamos de realizar como educadores. Pensar um mundo onde algumas considerações não sejam mera utopias.

(ALVES, Rubens. Conversas com quem gosta de ensinar. Campinas, SP:Papirus. 2000).