quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O PODER DA MÍDIA....E NOSSO PODER DE ESCOLHA


Tenho acompanhado, como a imensa maioria, o que tem sido publicado e divulgado na mídia.

Conversando com alguns educadores e amigos, e utilizando TODAS as tecnologias que hoje estão a nossa disposição: MSN/ ORKUT/ TWITTER/ BLOGS/TORPEDOS/SMS....chegamos a conclusão óbvia (e nem sempre para a maioria...ops...falei...rs), de como o poder e a função da mídia geram discussões profundas e polêmicas. Por isso acredito também (ops...ultimamente minhas crenças tem aumentado profundamente...coisas das leituras de mestrado....rsrsrr), que cada um de nós deva pensar um pouco (pelo menos um pouco vai...ops...falei de novo..rs), em todos os aspectos que envolvem os meios de comunicação, isto é, sua necessidade, sua importância, seus usos e abusos.

Atualmente, recebemos informações por diferentes mídias.

Uma provocação: o que fazemos com essa "avalanche" de informações?

É preciso estarmos atentos às informações que nos chegam, analisando-as de maneira crítica e _ por que não?_quando em dúvida, comparar o "tratamento dado" (ops....falei de novo...e me veio aquela palavrinha....rs), ao fato em diferentes veículos.

Proponho uma experiência. Individualmente ou em grupo, escolha um fato marcante ocorrido na semana e analise como o assunto foi tratado na mídia.

E as notícias veiculadas da crise na Receita Federal, heim???....ooooopsssssss...

PATRIA AMADA ESQUARTEJADA

"Patria Amada, salvem, salvem"




" A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens." (Jacques Le Goff, 1984)


Na qualidade de diretor de estudo na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Jacques Le Goff publicou brilhantes estudos consagrados, que renovaram a pesquisa histórica, sobre mentalidade e sobre antropologia da Idade Média. Seus seminários exploraram os caminhos então novos da antropologia histórica. Ele publicou os artigos sobre as universidades medievais, o trabalho, o tempo, as maneiras, as imagens, as lendas etc. Sinal do sucesso de suas teses, ele atuou no renovamento pedagógico de história participando da redação de um manual escolar.




PATRIA AMADA ESQUARTEJADA - foi uma das exposições, produzidas pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, em 1993 em São Paulo. Na época, já trabalhava com jovens das favelas da Vila Prudente em ações educativas junto ao MAM - Museu de Arte Contemporâena de SP. E levei-os para ver a exposição e refletir sobre as imagens. O contexto, fazia parte do projeto político-pedagógico da rede municipal de ensino e o ensino da história do Brasil. Composta de 30 painéis, a exposição continha imagens e textos que abordavam a multiplicidade contraditória de diferentes versões da história do Brasil.

A exposição nos levava a refletir à respeito de como a memória pode nos pregar algumas peças....todo mundo, algum dia, já se esqueceu de algo que parecia importante ou foi surpreendido por lembranças que pareciam perdidas no tempo. Recorrendo ao psicólogos e psicanalistas, Jacques Le Goff observa que na recordação ou no esquecimento a memória individual está condicionada pelas manipulações conscientes ou inconscientes do interesse, da afetividade, do desejo, da inibição e da censura. Diz também que a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Nos tornarmos então, sujeitos da memória e do esquecimento. E talvez seja essa, uma das grandes preocupações que devemos ter como educadores sociais nos dias de hoje. O silêncio e o esquecimento da história, são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva. E uma das maneiras de promover estes "esquecimentos" é gravando lacunas no tempo, é fazer da nação o personagem central de uma história transmitida de geração para geração. Essa história que nós é posta, é entendida como BIOGRAFIA DA NAÇÃO...e não como a trajetória de sujeitos diversos e experiências sociais conflituosas. Assim, a história que ainda ensinam a nossas crianças, se converte em um mecanismo de seleção do que "deve" ser memorizado ou silenciado para forjar uma identidade e legitimar outras tantas. Por isso é que acredito na forma de "memorização" de outros sujeitos históricos. Por isso é que acredito na PEDAGOGIA DA IMAGEM, como instrumento de meu ofício de educadora. E outras formas de linguagem que ao meu ver não só educam, como "transformam" o olhar.
Há muito tempo ouço em minha família: "Cabeça não foi feita só para usar chapéu".....rsrsrrrsrs. Não sei se aprendi a lição...mas ainda tento!!!....rsrrsrs


domingo, 23 de agosto de 2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

FILOSOFANDO COM LUCY

Você só aprende uma coisa até que a aprenda de outras maneiras.
Estou vivendo meu momento de catarse. E talvez seja isso o que promova o encontro comigo mesma.
A fixação de meu momento "catártico" torna-se então, segundo me parece, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis que estudo.
O processo catártico, coincide com a cadeia de sínteses que procuro elaborar e que resultam do meu desenvolvimento dialético.
TEORIA - PRÁXIS - CONHECIMENTO - AÇÃO.
Ops...será que existem intelectuais orgânicos gênero feminino????

domingo, 16 de agosto de 2009

ESQUENTA A BARRIGA NO FOGÃO E ESFRIA NA PIA






"As mulheres da zona petrolífera do delta do rio Níger, no sul da Nigéria, ameaçam declarar uma greve e deixar de cozinhar para seus maridos caso os problemas de desenvolvimento da região não sejam resolvidos imediatamente".
Egídio Vaz (Africa do Sul), foi quem enviou a referência.


É fato que ainda somos minoria nos parlamentos, nos poderes executivos e judiciários, nas chefias de empresas, nas direções de partidos, nas universidades. Não se deve falar de nossa falta de interesse pela política, porque esse tipo de pensamento é perverso e reforça o estigma de que somos fadadas ao espaço privado. Vários são os motivos para esse quadro, desde a divisão sexual dos afazeres domésticos; o conservadorismo da sociedade, de raiz patriarcal; a falta de investimentos em políticas de incentivos e a na política, a atual legislação de cotas por sexo, que na verdade se refere à reserva de vagas de candidatura, e não de cadeiras, como ocorre na Argentina, onde 40% das parlamentares são mulheres. Para se ter uma idéia, no Brasil, a lei de cotas não foi cumprida pelas 26 capitais. Lúcia Avelar, professora titular de Ciência Política no Instituto de Ciência Política da UnB é autora do livro "Mulheres na Elite Política Brasileira" (editora UNESP/ Fundação Konrad-Adenauer) e ressalta o quando as mulheres ainda são invisíveis: "As mais independentes e comprometidas com os movimentos e trabalhos em comunidades encontram maiores obstáculos".As mulheres ainda estão à margem e precisamos trazer o tema à discussão, pois ainda somos invisíveis.
A não ser quando nos recusamos a cozinhar....aí se lembram de nosso papel "social".
E chega de dar fogãozinho para as nossas meninas brincarem....

terça-feira, 4 de agosto de 2009

EM ALGUNS MOMENTOS, SEMPRE É PRECISO TER TEMPO



Meu texto hoje, é uma indicação de um livro. E parte de um momento onde o tempo para mim é precioso. O momento de estar com minhas filhas. E aos poucos nessa tarde, lá vem uma delas (a adolescente). Entra em meu escritório e começa a mexer nos livros. Observo. Indico a leitura de um livro que curti de montão. E sei que tem muita mãe por aí que vai ficar horrorizada....rs...e como educadora que também gosta muito de estar com adolescentes "desajustados", fica a dica para os colegas de profissão: CLEO E DANIEL - de Roberto Freire.

Mas afinal, quem é esse cara???
Roberto Freire, nasceu em São Paulo, no ano de 1927. Formou-se em Medicina e como bolsista da Unesco, continuou seus estudos no Colège de France em Paris. Alternava o consultório particular com o de fábricas, para tornar-se psicanalista.exerceu por alguns anos a profissão e abandounou definitivamente a medicina. Paralelamente a atividade científica, interessou-se sempre por literatura e teatro. No teatro, iniciou pela atividade didática, sendo por algum tempo professor de psicologia do ator, na Escola de Arte Dramática de São Paulo. Escreveu peças e com o TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), participou da conquista do grande premio do Festival Universitário de Nancy, na França, em 1966. O mais legal mesmo foi seu lado social e político. Participou da Campanha Nacional de Alfabetização pelo sistema Paulo Freire e idealizou a Campanha Nacional de Popularização do Teatro, além de ser membro do Conselho Nacional de Cultura. Essas atividades, somadas ao de diretor do semanário católico Brasil Urgente, levaram-no duas vezes à prisão e a responder IPMs em 1964. O romance CLEO E DANIEL, foi escrito durante o período de desemprego forçado pelas condições políticas. Foi transformado posteriormente em roteiro cinematográfico e foi filmado sob a direção do autor. Roberto Freire era divorciado e tinha três filhos homens e músicos. Morreu em 23 de maio de 2008, aos 81 anos.




" Esperei muito tempo por você. Meu nome é Rudolf Flügel. Como os mendigos e as putas, a gente logo percebe quais os que vão parar diante de nós para a oferenda. Para esses não estendemos as mãos. Com eles não trocamos o que temos, mas o que somos. Você está diante de mim, com os olhos abertos. Prontos para que eu escreva livremente sobre eles. Tudo. Sim, tudo. Porém do jeito que sugeriu Henri Michaux: Nada da imaginação voluntária do profissional; nem temas, nem desenvolvimento, nem construção, nem método; ao contrário, apenas a imaginação e a impossibilidade em conformar-se".




Palavras do autor:

"....Todo jovem sincero e inteligente intui qual o futuro de seu amor na sociedade em que vivemos. Ele sabe que o beijo das horas de Cleo e Daniel na Praça da República, o banho na cachoeira do parque, por exemplo, podem acabar diante de uma televisão, assistindo novelas, também por exemplo. Sabem que a mediocridade asfixiante da classe média pode levá-los a necessitar o destelhamento de suas casas e, em seguida, serão levados ao sanatório e ao eletrochoque. Enfim, sabem que é o amor o contrário da morte, não a vida, não qualquer vida. Mas sabem também que a vida que lhes é imposta significa a morte do amor'.


Cléo e Daniel é o impossível caso de amor entre um casal de jovens sensíveis e considerados pela sociedade como "desajustados". Primeiro romance de Roberto Freire, lançado em 1966, escandalizou o país com sua linguagem contemporânea e contundente. Foi considerado um “Romeu e Julieta” nacional. Dois adolescentes, de quinze e dezessete anos descobrem e vivem o amor total, e por isso mesmo são caçados pela população da cidade de São Paulo. Com mais de trinta anos, continua um romance atual e interessa igualmente à juventude.



O livro, que não tem uma estrutura lineal definida, se passa em três planos diferentes. Primeiro, a relação de Rudolf Flügel com Benjamin e tudo o que daí decorre: «Benjamin. Ele é baiano. Preferiu viver em São Paulo porque adora o deserto. [...] Negro, retinto, há quase quarenta anos Benjamin é poeta, antropologista, filósofo e solteiro. Como tudo isso não rende dinheiro algum, tornou-se o mais completo tradutor da cidade.» (Pg. 11-12) Segundo, a cafetina francesa Gabrielle, de mais de sessenta anos, seu Bar do Viajante “Requiescat in Pace” e a turma de homossexuais velhos, os “elefantes”, que o freqüentam. O terceiro núcleo seria o composto por Cléo, Daniel e amigos como Marcus. Rudolf entra em relação com cada um dos personagens. E logo, como quase sempre, tem alguns personagens secundários que, em muitos dos casos, são tanto ou mais importantes que os principais, por causa de algumas das palavras que o escritor faz-lhes dizer ou ouvir da boca do protagonista.Desta vez, não é a minha intenção fazer o resumo do romance. A história que explica o livro não é só uma, é várias. Do total de 261 páginas de que consta a edição que usei, encontrei na 206 o que se pode considerar como a síntese temática de Cléo e Daniel: «Mais especificamente, o mito de Rudolf é este: devorar a esfinge em lugar de decifrá-la. E seguir o itinerário da solidão, percorrendo os caminhos do sexo, da loucura e da morte.»A relação entre Rudolf e Benjamin explora a natureza do sexo e do amor, ou, melhor ainda, da perda do amor, no que depois se revelara como uma das teses principais do livro: a inexistência do amor é a causa da natureza torcida da humanidade. Benjamin e Rudolf dividiam, quando ainda nem se conheciam, amizade e corpo com Beatriz e Madalena. Beatriz, a pintora, divide apartamento com Fernanda, a atriz. Amante das duas, Rudolf deixa grávida Fernanda, fato que o afunda na desesperação. Mais ainda quando Fernando e o filho morrem no parto.O “Requiescat in Pace” simboliza o lugar não aceito pela sociedade burguesa, o bar dos danificados e excluídos. A cafetina e as suas prostitutas, os quartos, e essa turma dos “elefantes” que passa os dias e as noites nessa atmosfera lúgubre, descrita por Rudolf, não julgada. A ação no “Requiescat...” começa com a morte de uma das putas e acaba com a morte do local por fechamento e partida da proprietária Gabrielle. Por vezes o leitor tem a sensação que Rudolf deixou o consultório pelo bar. Como se o senhor psiquiatra tivesse deixado de ver as pessoas de acima para vê-las de lado.E finalmente Cléo e Daniel. Cleo é uma menina que foi forçada a abortar pela sua mãe, digna representante da sociedade opulenta que Freire quer criticar e que não pode suportar a idéia da gravidez de uma filha adolescente. Pai, mãe e sua filha não convivem bem. Assim, Cléo vive de festa em festa, tomando comprimidos quantas vezes for preciso até que um dia sua mãe a leva ao psiquiatra. Ali Cléo entra em contato com Rudolf... e com Daniel. Pela sua vez, Daniel chega até Rudolf a través de Marcus, seu amigo pederasta que vem pedindo pílulas para seu amigo adito. Daniel vive aprontando, agride os seus pais, falta à escola e se revolta contra tudo o que está no seu redor. O encontro com Cléo tinha que ser inevitável. O desejo também. E o amor As duas criaturas decidem acabar com a vida juntas, uma alimentando com pílulas azuis a outra, e vice-versa. Saem à rua e, em vez de pedir ajuda, afirmam ter encontrado a paz. São pegos pela polícia e morrem diante da autoridade, despidos, abraçados, num beijo eterno.