quinta-feira, 27 de agosto de 2009

PATRIA AMADA ESQUARTEJADA

"Patria Amada, salvem, salvem"




" A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens." (Jacques Le Goff, 1984)


Na qualidade de diretor de estudo na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Jacques Le Goff publicou brilhantes estudos consagrados, que renovaram a pesquisa histórica, sobre mentalidade e sobre antropologia da Idade Média. Seus seminários exploraram os caminhos então novos da antropologia histórica. Ele publicou os artigos sobre as universidades medievais, o trabalho, o tempo, as maneiras, as imagens, as lendas etc. Sinal do sucesso de suas teses, ele atuou no renovamento pedagógico de história participando da redação de um manual escolar.




PATRIA AMADA ESQUARTEJADA - foi uma das exposições, produzidas pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, em 1993 em São Paulo. Na época, já trabalhava com jovens das favelas da Vila Prudente em ações educativas junto ao MAM - Museu de Arte Contemporâena de SP. E levei-os para ver a exposição e refletir sobre as imagens. O contexto, fazia parte do projeto político-pedagógico da rede municipal de ensino e o ensino da história do Brasil. Composta de 30 painéis, a exposição continha imagens e textos que abordavam a multiplicidade contraditória de diferentes versões da história do Brasil.

A exposição nos levava a refletir à respeito de como a memória pode nos pregar algumas peças....todo mundo, algum dia, já se esqueceu de algo que parecia importante ou foi surpreendido por lembranças que pareciam perdidas no tempo. Recorrendo ao psicólogos e psicanalistas, Jacques Le Goff observa que na recordação ou no esquecimento a memória individual está condicionada pelas manipulações conscientes ou inconscientes do interesse, da afetividade, do desejo, da inibição e da censura. Diz também que a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Nos tornarmos então, sujeitos da memória e do esquecimento. E talvez seja essa, uma das grandes preocupações que devemos ter como educadores sociais nos dias de hoje. O silêncio e o esquecimento da história, são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva. E uma das maneiras de promover estes "esquecimentos" é gravando lacunas no tempo, é fazer da nação o personagem central de uma história transmitida de geração para geração. Essa história que nós é posta, é entendida como BIOGRAFIA DA NAÇÃO...e não como a trajetória de sujeitos diversos e experiências sociais conflituosas. Assim, a história que ainda ensinam a nossas crianças, se converte em um mecanismo de seleção do que "deve" ser memorizado ou silenciado para forjar uma identidade e legitimar outras tantas. Por isso é que acredito na forma de "memorização" de outros sujeitos históricos. Por isso é que acredito na PEDAGOGIA DA IMAGEM, como instrumento de meu ofício de educadora. E outras formas de linguagem que ao meu ver não só educam, como "transformam" o olhar.
Há muito tempo ouço em minha família: "Cabeça não foi feita só para usar chapéu".....rsrsrrrsrs. Não sei se aprendi a lição...mas ainda tento!!!....rsrrsrs


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